Diante das práticas fraudulentas em diagnósticos a exemplo dos de Autismo, os planos de saúde empresariais enfrentam um aumento de 25% em 2024, revelando uma realidade desafiadora para o setor.
Os planos de saúde empresariais devem registrar um aumento médio de 25% neste ano, um índice que supera em três vezes a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Esses reajustes vêm aumentando desde 2018. Em 2023, enquanto os preços em geral aumentaram 4,8%, a inflação médica subiu 14,1%, ultrapassando a média global de 10,1%, conforme dados da consultoria AON, que analisou os custos dos insumos médicos em 113 países no último ano.
A análise da Arquitetos da Saúde aponta que os aumentos nos planos de saúde empresariais decorrem das perdas de receita desde o início da pandemia. Em 2020, muitos procedimentos, como cirurgias eletivas, consultas e exames, foram suspensos para priorizar o tratamento de pacientes com COVID-19.
Porém, para além destas razões, práticas fraudulentas têm comprometido a operação dos planos de saúde e causam impactos financeiros expressivos, exigindo esforços contínuos para preservar a integridade e confiança no setor.
As principais fraudes incluem o uso de dados pessoais de terceiros para pedidos de reembolso por procedimentos não realizados, golpes virtuais, empréstimo da carteirinha entre usuários dos planos, fracionamento de recibos para obter um reembolso total mais alto, prestação de informações falsas na contratação do plano, bem como falsificação de diagnósticos, a exemplo dos de Autismo.
As operadoras calculam em 236 mil as crianças autistas com plano médico. Cada uma custaria até R$ 6.000 por mês, “movimentando próximo de R$ 1 bilhão mensal”, estima a Med Advance, clínica especializada em terapia ocupacional para autistas. Um investimento alto em um segmento que não registrava demanda tão grande até 2020.
As fraudes e desperdício do setor são repassados para a mensalidade, consumindo R$ 34 bilhões no ano passado, o equivalente a 12,7% do faturamento de R$ 270 bilhões das 14 maiores operadoras. Nos países desenvolvidos, esse índice gira em torno de 7%, segundo estudo divulgado pelo IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).